
Todas sem comentários.

Todas sem comentários.
Existe apenas uma disputa entre os motoristas de Hiace que ultrapassa a quantidade de clientes, a da personalização, esta poderá ser com autocolantes, tampas em plástico para as jantes presas por fitas de plástico, extintores por todo o lado ou ainda o não menos importante auto rádio com subwoofer que faz ruir prédios. A musica dentro de alguns é tão alta que desligo o meu rádio e seguro o espelho retrovisor central porque este vibra. E depois a musica, a musica de eleição é o kuduro, uma batida forte acompanhada com uma voz monocórdica estridente que quase não pára para respirar. Dizem que se aprende a gostar, eu sinceramente duvido.
No meio disto tudo, deste caos, por estranho que pareça existe uma harmonia, raramente alguém se ofende com as manobras dos outros, afinal de contas estão todos com a mesma urgência.
Regressamos calmamente à aldeia de onde partimos, o soba (chefe da aldeia) fez questão de juntar todos os habitantes para nos receber, o que viamos nas caras daquela gente era um misto de felicidade e curiosidade, retribuimos o acolhimento e o apoio na escalada com alguma comida e sumos que distribuimos pelas crianças.
A aldeia em causa chama-se Ussoque, encontra-se perdida entre Huambo e Benguela, não tem estrada, não tem escola nem qualquer outro tipo de infra-estrutura de apoio. A água tem de se ir buscar ao rio e para cozinhar apenas existe lenha, os habitantes dedicam-se essencialmente à agricultura e à criação de gado bovino.
Durante o "lanche" subi para um dos carros e fui captando algumas emoções genuinas com a câmara fotográfica. Uma avalanche de côr, de rostos e de sentimentos que de certo nunca esquecerei.