Wednesday, December 3, 2008

Tundavala

Confesso que nunca me senti pequeno junto da Natureza porque por "natureza" fazemos parte dela, no entanto nunca deixei, nem deixarei de a admirar. Tive recentemente um desses momentos em que admirei de perto um trabalho de Deus. Parti para o Lubango, na Província da Huíla, e um amigo levou-me a ver a Tundavala, a cerca de 30 minutos da cidade por uma estrada que, cada vez mais se desaconselha a veículos ligeiros. Subimos até cerca dos 1800 metros de altitude e deparei-me com aquilo que dificilmente se descreve com palavras, no entanto vou tentar sem grandes chavões geomorfológicos, geológicos, topográficos ou cartográficos. A Tundavala é uma fenda que corta um planalto numa extensão de uns 300 metros com uma largura que começa em zero e vai até (medido a olho) 60 metros e tem uma profundidade (pelo mesmo método) de 250 metros. Por fim esta fenda desemboca num precipício com (agora à vontade) uns 1000 metros. Este local tem dois miradouros onde se pode observar com alguma "segurança" o precipício e a fenda. Tirei algumas fotos que poderão exprimir um pouco melhor o meu sentimento.


Todas sem comentários.

Wednesday, September 24, 2008

Hiace

Deixem-se de aglosaxonismos, lê-se " iá - sse " ok?

Em Luanda todos têm pressa, todos saem ao mesmo tempo e todos estão absolutamente convencidos que por terem mais pressa têm mais prioridade que todos os outros (incluindo ambulâncias). Neste contexto (urgência mental massificada) estão os condutores autorizados a quebrar todas e quaisquer regras de trânsito, poderão por isso passar por cima de traços contínuos, passeios ou até de rotundas, têm carta branca inclusive para ultrapassar pela direita por cima de passeios onde os peões terão que se desviar a todo custo para não atrapalhar tão grande angustia.

Acima destes encontram-se os Hiaces.

Os Hiaces são umas pequenas carrinhas da Toyota de 9 ou 10 lugares e que são o segundo melhor negócio para se ter em Angola (o primeiro ficará para outro dia). Os proprietários destes veículos compram-nos, pintam-nos de azul e branco e concessionam os veículos a equipas de dois homens por carro. A função destes será a de conduzir, abastecer e manter o Hiace em boas condições, por fim terão de dar 200 dólares por dia ao proprietário. As contrapartidas são, tudo o que fizerem acima dos 200USD será para eles e por fim têm um dia por semana em que todos os proveitos serão para os condutores. Conseguimos por isso perceber que eles têm que andar muito, muito depressa e com muita muita gente.

É fácil vermos Hiaces com quase 20 pessoas dentro, a velocidades alucinantes num transito onde não cabe uma agulha. Mas eles passam.



Existe apenas uma disputa entre os motoristas de Hiace que ultrapassa a quantidade de clientes, a da personalização, esta poderá ser com autocolantes, tampas em plástico para as jantes presas por fitas de plástico, extintores por todo o lado ou ainda o não menos importante auto rádio com subwoofer que faz ruir prédios. A musica dentro de alguns é tão alta que desligo o meu rádio e seguro o espelho retrovisor central porque este vibra. E depois a musica, a musica de eleição é o kuduro, uma batida forte acompanhada com uma voz monocórdica estridente que quase não pára para respirar. Dizem que se aprende a gostar, eu sinceramente duvido.

No meio disto tudo, deste caos, por estranho que pareça existe uma harmonia, raramente alguém se ofende com as manobras dos outros, afinal de contas estão todos com a mesma urgência.

Friday, September 19, 2008

Morro do Moco

Subimos a montanha mais alta de Angola, o ar rarefeito dificultava bastante a tarefa de dar mais um passo, mas no final, e no topo do Morro do Moco a recompensa era formidavel. O silencio, a vista e o ar que respiravamos davam-nos um conforto e uma paz que se notava. Ninguem disse nada, ficamos apenas ali.


Regressamos calmamente à aldeia de onde partimos, o soba (chefe da aldeia) fez questão de juntar todos os habitantes para nos receber, o que viamos nas caras daquela gente era um misto de felicidade e curiosidade, retribuimos o acolhimento e o apoio na escalada com alguma comida e sumos que distribuimos pelas crianças.


A aldeia em causa chama-se Ussoque, encontra-se perdida entre Huambo e Benguela, não tem estrada, não tem escola nem qualquer outro tipo de infra-estrutura de apoio. A água tem de se ir buscar ao rio e para cozinhar apenas existe lenha, os habitantes dedicam-se essencialmente à agricultura e à criação de gado bovino.

Durante o "lanche" subi para um dos carros e fui captando algumas emoções genuinas com a câmara fotográfica. Uma avalanche de côr, de rostos e de sentimentos que de certo nunca esquecerei.

A primeira vez...

Esta é a minha primeira experiência como "bloguer", deixem-me saborear um pouco...


obrigado.